HOMENAGEM AO CENTENÁRIO DE JUAZEIRO DO NORTE EM LITERATURA DE CORDEL
No município de Juazeiro do Norte
A uns 500 km da Capital Fortaleza
Um lugar de peculiar e rara beleza
Testemunhou uma história de amor
Que contaremos com presteza
Neste preâmbulo inicial
Contaremos primeiro
O desespero de um cearense
Aos pés do Juazeiro
Que chora feito um menino
E abre o berreiro
Pela sua amada que partiu
E nunca mais “vortô”
“Juazeiro, Juazeiro
me arresponda, por favor
Juazeiro, velho amigo,
onde anda o meu amor?”
Cansado daquele sofrimento
Constante na sua vida
O cearense do Cariri
Anuncia a sua partida
Mas não conseguiu deixar
A sua terra querida
E assim foi levando
Sofrendo e dividido
Entre o amor da sua amada
Que havia partido
E o amor pelo seu Juazeiro
Onde sempre havia vivido
Um belo dia, teve uma ideia genial
Lembrou-se de Padim Ciço
Cujo sua devoção é total
Padre Cicero, me desculpe
Não me leve a mal
Sei que compreenderás o amor
De um homem pela sua terra natal
Aqui, com teu retrato
Na Praça Central
Quando Juazeiro ainda era a Vila
De Tabuleiro Grande, neste local
Eu me recordo do milagre
Da hóstia sagrada
E te peço:
Traz de volta a minha amada
Que daqui saiu,
Partiu em disparada
Eu faço uma promessa
Com a fé de um Romeiro
Prometo que se eu tiver meu amor
De volta, ligeiro
Eu viverei cem anos
Sem sair de Juazeiro
Não posso esquecer
Tudo que já vivi aqui
As Romarias grandiosas
Só mesmo no Cariri
Até Lampião com
Seu bando eu vi
Lampião, valente
Cabra macho arretado
Mas respeitava o Padim
E aqui só entrava desarmado
Era um bando de cangaceiro
Na mão o bacamarte e no pé o xaxado
Lembro que teve
Um certo momento
Onde minha amada
Caiu até no meu esquecimento
Quando vi minha cidade
Em constante crescimento
Artesanato como esse
Em lugar nenhum se viu
Juazeiro lugar de gente fiel
Simples e gentil
É um dos maiores centros
De peregrinação do Brasil
Mas nem todo mundo aqui
É provido de gentileza...
Falo de um comerciante
Conhecido por sua indelicadeza
Seu Lunga, me diria:
Ômi, deixe de moleza
Ou vá atrás da sua amada
De uma vez
Ou esqueça essa mulher
E a enterre numa embriaguez
Ou vá dançar um Reisado
Naquela folia de reis
E como bom cearense
Eu também sei dançar
No Maneiro Pau
Quero brincar e cantar
Fazer aquela roda bonita
E todo mundo a cantorolar...
Minha cabeça às vezes
Vira um embate
E aqui escrevendo
Me lembro do Jornal – O Rebate
Defendendo nossa emancipação
Política: foi um belo ataque!
Amo minha terra
Sinto-a nas minhas veias
“Valei-me Padrinho Ciço
e a Mãe de Deus das Candeias”
Orando nas casas de Taipas
Das famílias sem ceias
Uma vez tentei sair
Mas não tento mais não
Vi na Capitá umas esquisitices
Que mais parece coisa do cão
Oxe! “No ceará
Não tem disso não”
Posso ser matuto
Mas não sou otário
Hoje me orgulho de Juazeiro
VIVA O SEU CENTENÁRIO
E me alegra de verdade
Esse meu celebre comentário
Outrora sonhei que
Minha amada voltara
Mas parafraseando Luiz Gonzaga
Que tanto cantara
“Só deixo o meu Cariri
no último Pau de Arara.”
Jane Monteiro 23-05-11